

Boletim técnico e Informativo do Programa de Pós-Graduação em Análise de Sistemas Ambientais
As Leishmanioses são doenças infecciosas, causadas por parasitas, e sua transmissão ocorre pela picada de mosquitos fêmeas (flebótomos) conhecidos como “mosquito-palha” ou “cangalhinha”. Segundo a Organizaçao Mundial de Saúde, é classificada como doença infecciosa negligenciada, acometendo países subdesenvolvidos nas Américas, África e Ásia em regiões tropicais e sub-tropicais do globo, atingindo principalmente populações de maior vulnerabilidade. Existem aproximadamente 1,69 bilhão de pessoas vivendo em áreas de risco de transmissão em todo o mundo, o que inclui o Brasil.
O aquecimento global é um aspecto entre vários e associados às mudanças climáticas e, sabidamente a presença e a flutuação estacional das populações de flebotomíneos está ligada aos fatores climáticos tais como: temperatura, umidade relativa do ar e índice pluviométrico e, aos fatores fisiográficos a exemplo composição do solo, altitude, relevo e tipo de vegetação. Com isso, as Leishmanioses além de serem endêmicas em países em desenvolvimento, de acordo com a OMS, estão dentre as 20 principais Doenças Tropicais Negligenciadas candidatas a ressurgir nos países desenvolvidos.
As mudanças relacionadas ao aquecimento global na epidemiologia das doenças estão associadas a alterações nos ecossistemas, suscetibilidade da população e aumento da exposição a agentes causais afetando a distribuição geográfica de vetores e hospedeiros intermediários. A expansão geográfica do inseto vetor e o surgimento de novas doenças infecciosas são afetados não só pelo aumento da temperatura, mas também pela intensidade e direção do vento, umidade relativa e chuvas. Esta observação é atribuída ao ciclo de vida dos mosquitos, que dependem de uma água estagnada para a postura dos ovos e para o desenvolvimento dos estágios larvais.
Enquanto o aumento da temperatura permite a sobrevivência dos insetos e o alongamento de sua estação de atividade, chuvas fortes fornecem a superfície de água parada necessária para a postura dos ovos e o desenvolvimento larval. Altos níveis de umidade do ar aumentam a dinâmica da população do vetor. Finalmente, o vento desempenha um papel importante na propagação de insetos e respectivas doenças associadas.
Diante deste problema de saúde pública, e sabendo-se que o estado de Alagoas é endêmico para as Leishmanioses, o projeto de dissertação do aluno Fernando Castro Garcia no Programa de Pós-graduação em Análise de Sistemas Ambientais, orientado pela Profa. Dra. Letícia Anderson e coorientado pelo Prof. Dr. Moezio de Vasconcellos Costa Santos Filho irá estudar a dispersão de vetores da Leishmaniose em um município do estado de Alagoas correlacionando com fatores ambientais que possam favorecer a disseminação da doença.
Assim, o monitoramento de precursores ambientais e climáticos de doenças transmitidas por vetores pode ajudar a prever um aumento potencial de casos. As previsões podem ser desenvolvidas vinculando o monitoramento desses precursores ambientais climáticos a sistemas dedicados de vigilância de doenças com vigilância integrada de vetores. Com isso, ao interceptar o surgimento e a disseminação de doenças transmitidas por vetores em cenários de mudanças climáticas, os custos humanos e financeiros de uma epidemia potencial podem ser contidos.