

Boletim técnico e Informativo do Programa de Pós-Graduação em Análise de Sistemas Ambientais
As ações antrópicas nas áreas costeiras tropicais afetam a qualidade das áreas de manguezal, de forma natural ou induzida. Infelizmente, a maioria das ações humanas relacionadas ao desenvolvimento industrial, imobiliário e social nestas áreas de costa acabam por prejudicar este ambiente. Dois estudos sobre o tema serão publicados este ano pelas revistas Brazilian Archives of Biology and Technology e Bioscience Journal.
Os trabalhos foram realizados pelos mestrandos Joaquim Alexandre e Alexandre Bonfim e orientados pelo Professor Dr. Velber Xavier Nascimento. Os pesquisadores detectaram elevados níveis de metais pesados em ostras e no solo de mangue. Foram detectados níveis alarmantes de crômio e cádmio nas ostras Crassostrea rhizophorae, proveniente dos estuários da Lagoa Mundaú (Litoral Sul), Marechal Deodoro/AL e a do estuário do rio Meirim (Litoral Norte) em Maceió/Alagoas.
A presença do cádmio está associada à poluição industrial, na produção de baterias, tintas e plásticos, e à urbana, com a queima de combustíveis fósseis, lixo urbano e sedimentos de esgoto. Por ser um metal que não participa do processo fisiológico e que foi detectado nas ostras-mangue, pode-se perceber que as ostras são excelentes bioindicadores de poluição ambiental. Segundo Lima et al. (2015), a contaminação pelo cádmio pode causar, no ser humano, disfunção renal, distúrbios imunológicos, enfisema pulmonar e osteoporose.
A análise do solo do mangue também revelou a presença de cinco elementos traços, cobre, zinco, chumbo, cádmio e crômio. “Os valores detectados nos ambientes estudados comparados com os valores de referência mostraram que estão muito abaixo dos limites considerados preocupantes”, diz Alexandre Bonfim, autor do trabalho. Porém, a presença de alguns desses metais revela que o ambiente esteja sofrendo com ações humanas.
Considerando que os metais pesados quando encontrados nos ecossistemas promovem um desequilíbrio ambiental, sugere-se que estudos de biomonitoramento sejam periodicamente realizados, visando ações de preservação, conservação e recuperação, bem como subsidiar estudos relacionados com o risco a saúde humana, ressaltam os pesquisadores.

